Com as temporadas, nas várias modalidades, a chegarem ao seu epílogo, anunciando uns meses sabáticos de descanso, a desilusão no basquetebol será difícil de esquecer. O Porto, clube com pergaminhos no género, partia com redobradas expectativas para a temporada em curso. Descartando, de forma pouco ortodoxa, um treinador carismático como Alberto Babo, verdadeiro “mestre” na arte de criar profissionais íntegros e equipas competitivas, os azuis e brancos partiram para a temporada sob a batuta de uma antiga glória de Dragão ao peito. Júlio Matos, profundo conhecedor da mística que alimenta o clube, colocou a fasquia bem alta, criticando duramente o seu antecessor, pela ausência de títulos. Era assim totalmente legítimo que os sonhos passassem por uma presença na final, algo que Alberto Babo tinha conseguido.
A temporada, como se sabe, acompanhada a par e passo aqui no blogue pelos escritos do Lucho, resvalou sempre para o caos absoluto. Derrotas humilhantes, frente a adversários da Proliga, dificuldades inesperadas perante emblemas mais humildes a nível de objectivos e uma série negra de lesões, em jogadores fulcrais, colocaram os Dragões à beira de uma eliminação precoce, fantasma que apenas foi afastado quase no final da época regular.
Com uma equipa claramente afectada pelo rendimento evidenciado, de confiança nula nas suas capacidades, os portistas depararam logo na ronda inaugural do Play-off com o seu opositor figadal. E, pese a estreia no Dragão Caixa e o apoio incondicional dos seus adeptos, voltaram a falhar. E a desiludir. Cometendo os mesmos e sistemáticos erros primários, evidenciados ao longo da época, os azuis e brancos não conseguiram dar seguimento à vitória na Luz, que poderia ser o momento-chave do ano. Debalde, os problemas defensivos voltaram a assombrar a equipa, demasiado permissiva, em clarividência, e com uma concretização miserável no lançamento de três pontos. A linha de lance livre apenas deu a estocada final, numa equipa que entra de férias mais cedo. Como adepto, espero que as mesmas sejam, sobretudo, aproveitadas para deslindar o estranho caso de uma equipa que, pese os bons valores individuais, nunca encontrou o espírito corporativo, que faz os campeões.
O silêncio tornou-se ensurdecedor. Platini perdeu a [pouca] credibilidade que possuía. Depois de, devidamente influenciado pelos Delgados deste País, ter proferido palavras pouco abonatórias quanto aos batoteiros [esquecendo-se convenientemente da forma pouco clara como o seu palmarés foi construído, na “vecchia signora”], e de demagogicamente ter passado a ideia de que, com ele ao leme, o futebol europeu seria impoluto, o “arranjinho” da meia-final disputada em Londres, chacinou qualquer hipótese de se acreditar na verdade desportiva. A final que nos é apresentada, em todo o seu esplendor, é aquela que monetariamente mais interessava. Para que o negócio continuasse a fazer funcionar a máquina registadora dos milhões, o que importa uma vergonhosa e inadmissível prestação de um dos propalados melhores árbitros do Mundo? Por momentos, vendo aquele Chelsea-Barcelona, recordei-me dos “melhores” momentos de Lucílio Baptista, adulterador da realidade. Deve ser essa a erradicação da batota pretendida, à boa maneira francesa…
No tetra portista emerge, acima de todas as outras, uma personagem crucial para a conquista do título. Pouco consensual, entre a massa associativa azul e branca, visto com alguma desconfiança pelo seu passado “vermelho”, Jesualdo Ferreira obteve finalmente o reconhecimento merecido, ao obter um feito quase inigualável: o terceiro campeonato consecutivo.
Mantendo uma postura “low-profile”, avessa a mediatismos bacocos, o seu temperamento sisudo impediu uma rápida empatia com o grosso dos adeptos. O campeonato sofrido, conquistado na época imediatamente seguinte à saída de Adriaanse, com o êxito a ser apenas carimbado no último jogo, frente ao Aves, não permitiu a recolha de unanimidade.
Depois do bi-campeonato, conquistado de forma serena, mas com a mancha da final perdida, em pleno Jamor, a ensombrar mais uma vez a plenitude dos elogios, esta era, claramente, a época mais importante na carreira do técnico portista.
Os pratos na balança começaram, de início, a ficar desequilibrados. Perdeu, de uma assentada, três pedras nucleares na equipa-base. Paulo Assunção, Quaresma e Bosingwa, deixando uma imensa dor de cabeça ao decano técnico. Fazendo do comedimento e conservadorismo táctico os lemas principais do futebol apresentado pela equipa, Jesualdo teve a hercúlea tarefa de reconstruir um plantel, por um lado, e manter a competitividade em todas as provas, por outro. Nesse equilíbrio precário, com a equipa a funcionar como um recém-nascido, a quem é necessário ensinar as coisas mais básicas, amparando-a nas quedas, existiram momentos de enorme tensão, cujo cume foi atingido após a derrocada londrina, na goleada imposta pelo Arsenal.
Apenas a confiança inabalável do presidente impediu a chicotada psicológica, perante o chorrilho de invectivas com que o técnico foi mimoseado, por alguns sectores do clube. Assim, a teimosia biliar de Jesualdo ía marcando pontos. Pese as lacunas graves existentes no plantel, visíveis nas dúvidas existenciais nas laterais, e os problemas físicos quase constantes de Lucho e Fucile, as apostas do veterano técnico revelaram-se acertadas. Fernando conseguiu, pese a sua juventude e inexperiência, fazer esquecer o mercenário Assunção, realizando uma temporada notável, plena de maturidade. E assim, com apostas certeiras na juventude [vide o exemplo de Rolando, perfeito na absorção dos ensinamentos tácticos do colega de lado do sector], mescladas com a veterania dos experientes Meireles, Lucho e Bruno Alves, e com uma quase perfeita aplicação da rotatividade, o Porto foi adquirindo o ritmo necessário para vencer a maratona de jogos.
Com exibições notáveis, nomeadamente as realizadas fora de portas, onde os espaços concedidos pelos adversários permitiam a explanação das potencialidades de jogadores como Hulk, Rodriguez e Lisandro, o tetra cedo começou a ganhar forma.
No plano nacional, com a esperada consagração no Jamor, cuja vitória permitirá a celebrada e ansiada dobradinha, Jesualdo recolhe finalmente, qual matador no final de uma faena, os aplausos unânimes da crítica, que se rende, mesmo contra-natura, à sagacidade evidenciada.
No campo internacional, a ultrapassagem do Adamastor portista [esses oitavos-de-final da Champions que teimavam em ser intransponíveis] relançou a equipa para a ribalta europeia, com a imprensa estrangeira a ser pródiga em encómios, sobretudo depois das brilhantes exibições efectuadas em Madrid e Manchester.
Apesar do poderio financeiro de outros emblemas desaconselhar a fantasia de vencermos a mais importante prova de clubes da Europa, os azuis e brancos mostraram que, com um projecto sustentável e uma dose equilibrada de sorte, erguer aquela Taça não será, no futuro, uma utopia.
Por isso, sim, que se dê o beneplácito da confiança a Jesualdo e que ele seja o timoneiro da nau azul, no ataque ambicioso ao penta.
A temporada, como se sabe, acompanhada a par e passo aqui no blogue pelos escritos do Lucho, resvalou sempre para o caos absoluto. Derrotas humilhantes, frente a adversários da Proliga, dificuldades inesperadas perante emblemas mais humildes a nível de objectivos e uma série negra de lesões, em jogadores fulcrais, colocaram os Dragões à beira de uma eliminação precoce, fantasma que apenas foi afastado quase no final da época regular.
Com uma equipa claramente afectada pelo rendimento evidenciado, de confiança nula nas suas capacidades, os portistas depararam logo na ronda inaugural do Play-off com o seu opositor figadal. E, pese a estreia no Dragão Caixa e o apoio incondicional dos seus adeptos, voltaram a falhar. E a desiludir. Cometendo os mesmos e sistemáticos erros primários, evidenciados ao longo da época, os azuis e brancos não conseguiram dar seguimento à vitória na Luz, que poderia ser o momento-chave do ano. Debalde, os problemas defensivos voltaram a assombrar a equipa, demasiado permissiva, em clarividência, e com uma concretização miserável no lançamento de três pontos. A linha de lance livre apenas deu a estocada final, numa equipa que entra de férias mais cedo. Como adepto, espero que as mesmas sejam, sobretudo, aproveitadas para deslindar o estranho caso de uma equipa que, pese os bons valores individuais, nunca encontrou o espírito corporativo, que faz os campeões.
O silêncio tornou-se ensurdecedor. Platini perdeu a [pouca] credibilidade que possuía. Depois de, devidamente influenciado pelos Delgados deste País, ter proferido palavras pouco abonatórias quanto aos batoteiros [esquecendo-se convenientemente da forma pouco clara como o seu palmarés foi construído, na “vecchia signora”], e de demagogicamente ter passado a ideia de que, com ele ao leme, o futebol europeu seria impoluto, o “arranjinho” da meia-final disputada em Londres, chacinou qualquer hipótese de se acreditar na verdade desportiva. A final que nos é apresentada, em todo o seu esplendor, é aquela que monetariamente mais interessava. Para que o negócio continuasse a fazer funcionar a máquina registadora dos milhões, o que importa uma vergonhosa e inadmissível prestação de um dos propalados melhores árbitros do Mundo? Por momentos, vendo aquele Chelsea-Barcelona, recordei-me dos “melhores” momentos de Lucílio Baptista, adulterador da realidade. Deve ser essa a erradicação da batota pretendida, à boa maneira francesa…
No tetra portista emerge, acima de todas as outras, uma personagem crucial para a conquista do título. Pouco consensual, entre a massa associativa azul e branca, visto com alguma desconfiança pelo seu passado “vermelho”, Jesualdo Ferreira obteve finalmente o reconhecimento merecido, ao obter um feito quase inigualável: o terceiro campeonato consecutivo.
Mantendo uma postura “low-profile”, avessa a mediatismos bacocos, o seu temperamento sisudo impediu uma rápida empatia com o grosso dos adeptos. O campeonato sofrido, conquistado na época imediatamente seguinte à saída de Adriaanse, com o êxito a ser apenas carimbado no último jogo, frente ao Aves, não permitiu a recolha de unanimidade.
Depois do bi-campeonato, conquistado de forma serena, mas com a mancha da final perdida, em pleno Jamor, a ensombrar mais uma vez a plenitude dos elogios, esta era, claramente, a época mais importante na carreira do técnico portista.
Os pratos na balança começaram, de início, a ficar desequilibrados. Perdeu, de uma assentada, três pedras nucleares na equipa-base. Paulo Assunção, Quaresma e Bosingwa, deixando uma imensa dor de cabeça ao decano técnico. Fazendo do comedimento e conservadorismo táctico os lemas principais do futebol apresentado pela equipa, Jesualdo teve a hercúlea tarefa de reconstruir um plantel, por um lado, e manter a competitividade em todas as provas, por outro. Nesse equilíbrio precário, com a equipa a funcionar como um recém-nascido, a quem é necessário ensinar as coisas mais básicas, amparando-a nas quedas, existiram momentos de enorme tensão, cujo cume foi atingido após a derrocada londrina, na goleada imposta pelo Arsenal.
Apenas a confiança inabalável do presidente impediu a chicotada psicológica, perante o chorrilho de invectivas com que o técnico foi mimoseado, por alguns sectores do clube. Assim, a teimosia biliar de Jesualdo ía marcando pontos. Pese as lacunas graves existentes no plantel, visíveis nas dúvidas existenciais nas laterais, e os problemas físicos quase constantes de Lucho e Fucile, as apostas do veterano técnico revelaram-se acertadas. Fernando conseguiu, pese a sua juventude e inexperiência, fazer esquecer o mercenário Assunção, realizando uma temporada notável, plena de maturidade. E assim, com apostas certeiras na juventude [vide o exemplo de Rolando, perfeito na absorção dos ensinamentos tácticos do colega de lado do sector], mescladas com a veterania dos experientes Meireles, Lucho e Bruno Alves, e com uma quase perfeita aplicação da rotatividade, o Porto foi adquirindo o ritmo necessário para vencer a maratona de jogos.
Com exibições notáveis, nomeadamente as realizadas fora de portas, onde os espaços concedidos pelos adversários permitiam a explanação das potencialidades de jogadores como Hulk, Rodriguez e Lisandro, o tetra cedo começou a ganhar forma.
No plano nacional, com a esperada consagração no Jamor, cuja vitória permitirá a celebrada e ansiada dobradinha, Jesualdo recolhe finalmente, qual matador no final de uma faena, os aplausos unânimes da crítica, que se rende, mesmo contra-natura, à sagacidade evidenciada.
No campo internacional, a ultrapassagem do Adamastor portista [esses oitavos-de-final da Champions que teimavam em ser intransponíveis] relançou a equipa para a ribalta europeia, com a imprensa estrangeira a ser pródiga em encómios, sobretudo depois das brilhantes exibições efectuadas em Madrid e Manchester.
Apesar do poderio financeiro de outros emblemas desaconselhar a fantasia de vencermos a mais importante prova de clubes da Europa, os azuis e brancos mostraram que, com um projecto sustentável e uma dose equilibrada de sorte, erguer aquela Taça não será, no futuro, uma utopia.
Por isso, sim, que se dê o beneplácito da confiança a Jesualdo e que ele seja o timoneiro da nau azul, no ataque ambicioso ao penta.
É consensual.
ResponderEliminarJesualdo está "no point". Seria um desperdício enorme perde-lo.
Forma e amadurece jogadores, é sério justo e honesto no discurso e no trato, e tem vindo a corrigir aquele que me parece que era o seu maior defeito, o ser medricas, ao ponto de calar Old Trafford... Assim espero que o homem não me decepcione na final da taça, e desta vez acredito que não. Há que manter o ritmo nestes dois jogos que faltam, e tréguas, só depois do jamor.
Tb critiquei Jesualdo mas admito sem qq problema q tem grande mérito neste título. Mas mesmo criticando estive sempre lá no estádio puxando pela equipa. Parabéns Mister.
ResponderEliminarQt ao Francês, n sei de quem falas.
Qt ao basket a ingratidão (com Babo), a incompetência (Matos) e o azar (lesões com Marçal a fazer mt falta no play-off) levaram ao caos a q te referes.
Para o ano, PARECE q a coisa vai melhorar:)
No basquetebol, foi um ano horribilis para tão cedo não se esquecer... se não serviu para mais nada, que o seja ao menos para "reduzir ao mínimo" o risco futuro de novos erros, mais próprios, de um qualquer principiante, o que não se coaduna em nada, nadinha mesmo, numa estrutura de excelência, chamada de FC Porto!
ResponderEliminarQuanto à "abécula" de terras gaulesas, apenas um comentário: PQoP!
Por fim, o "nosso" Jesualdo... continua nebuloso o futuro no que a noticias "confirmativas" diz respeito, nem SIM, nem NÃO, nem mesmo o NIM, contudo, por mim, há muito que o reclamo... Jesualdo para o PENTA, já!!! Ele merece, o FC Porto merece, a estrutura directiva merece... e nós tb o merecemos!! O tabu "lampião" do mestre Jesualdo, não acredito que tenha sido enterrado de vez, mas que foi cavado para bem mais fundo, muito mais fundo, não tenho dúvidas algumas!!! Portanto, Mestre Jesualdo, tou consigo a 101%... na caminhada para o PENTA! Bamos a eles!!!
Quanto a Jesualdo vamos estar tranquilos que tudo se vai resolver a contento. Senão pactuamos com a ndes-comunicação social que anda histérica...
ResponderEliminarBasket...
Li hoje que o seleccionador Moncho Lopez vai ser o treinador e que já andam a recrutar bons jogadores para dar a volta ao texto.
Aguardemos.
Renovar com o Jesualdo, já!!
ResponderEliminarNo basquetebol, foi uma temporada terrível, com o desfecho mais que previsível, ao cairmos perante uma equipa incomparavelmente mais forte, mais organizada e melhor apetrechada. Várias medidas se impõem com vista à nova época, para que o calvário desta não se volte a repetir.
ResponderEliminarQuanto a Jesualdo Ferreira, apenas digo que este título é mais dele que de qualquer outra pessoa. O trabalho que fez, fazendo de um conjunto de vários jogadores novos e alguns de qualidade que chegou a suscitar muitas dúvidas campeões nacionais, foi magnífico e merece todo o nosso reconhecimento.
Abraço.