16 maio, 2009

Passaram-se 25 anos depois de Basileia

O primeiro grande sinal da emancipação internacional do FC Porto deu-se em 1984. O FC Porto disputou a sua primeira final europeia em 1984, defrontando a poderosa Juventus de Itália, na final da Taças das Taças. O FC Porto teve um percurso brilhante e cheio de "espinhos", ultrapassando algumas equipas de nomeada, como a seguir aqui deixo em nota de destaque:

1ª eliminatória
Dinamo Zagreb (Jugoslávia)-FC Porto 2-1
(Kranjcar 25m e 75m - Gomes 65m)
FC Porto-Dinamo Zagreb 1-0
(Gomes 86m)

2ª eliminatória
Glasgow Rangers (Escócia)-FC Porto 2-1
(Clarke 35m, Mitchell 85m - Jacques 89m)
FC Porto-Glasgow Rangers 1-0
(Gomes 53m)

1/4 final
FC Porto-Shakhtyor Donetsk (União Soviética) 3-2
(Pacheco 41m, Frasco 47m e Jacques 70m - Morozov 7m, Sokolovski 38m)
Shakhtyor Donetsk-FC Porto 1-1
(Grachev 63m - Walsh 72m)

1/2 final
FC Porto-FC Aberdeen (Escóssia) 1-0
(Gomes 14m)
FC Aberdeen-FC Porto 0-1
(Vermelhinho 76m)

Ultrapassados os obstáculos um a um, nessa altura, com uma equipe de «tostões», era então chegado o grande momento: a final da Taça das Taças na época de 1984 que se iria realizar no dia 16 de Maio de 1984, no Estádio St. Jackob, em Basileia (Suíça) e arbitrada pelo Sr. Adolf Prokop (ex-RDA) de tão má memória para as nossas cores.

Lembro-me como se fosse hoje ainda deste jogo, até porque na altura, lá em casa, tv´s, só mesmo a preto e branco e teve que ser um vizinho mais abastado financeiramente, que já nessa altura tinha televisão a cores, que nos permitiu ver ao vivo e a cores este nosso primeiro assomo na Europa do futebol.

Aliás, ainda hoje guardo religiosamente, entretanto já gravado para DVD o jogo original, com os relatos na hora… e acreditem, quando me dá assim uns apertos de saudade, vejo o jogo e mato-me a rir com aquela forma já rudimentar de jogar, aqueles calções do mais bárbaro possível… o resultado não me faz rir, é verdade, mas acreditem que toda a outra envolvência para além do resultado, me dá grande gozo voltar a televisionar.

Entretanto, nesta sua primeira final, o FC Porto não era favorito, porque do outro lado estava a melhor equipa italiana, recheada de grandes vedetas como Platini e Boniek, e dispondo ainda no seu plantel de vários internacionais italianos que tinham sido campeões no mundial de Espanha, em 1982.

Na ausência do Grande Mestre Pedroto, que nesta altura, dava já sinais preocupantes de uma saúde demasiado fragilizada, motivo pelo qual não se deslocou a Basileia, foi António Morais quem «comandou os dragões» contra os «bambinos italianos».

Os onzes foram escalonados pelos técnicos António Morais, pelo FC Porto, e Giovanni Trappatoni, pela Juventus, da seguinte forma:

F.C. PORTO - Zé Beto; João Pinto, Eduardo Luís (Costa), Lima Pereira e Eurico; Jaime Magalhães (Walsh), Frasco, Pacheco, Sousa; Gomes e Vermelhinho.
Treinador: António Morais / José Maria Pedroto.

JUVENTUS - Tacconi; Gentile, Brio, Scirea, Cabrini; Tardelli, Bonini, Vignola (Caricola), Platini; Rossi e Boniek.
Treinador: Giovanni Trappatoni.

Após um começo nervoso, que culminou com um golo fortuito dos italianos apontado por Vignola logo aos 12 min, o FC Porto equilibrou os acontecimentos e chegou com alguma naturalidade ao empate, com um golo de raiva de António Sousa, estavam decorridos apenas 29 min da primeira parte. No entanto, e ainda antes do intervalo, aos 41 min, Boniek desempataria para a Juventus, em jogada precedida de falta… que mais tarde, e já na saída para o túnel de acesso aos balneários no final do jogo, o «famoso loco» Zé Beto, tratou de vingar e logo com juros, na altura, com a bandeirinha dos chamados 'leininhas'.

Durante o resto do encontro, o FC Porto chegou em muitos momentos a vulgarizar a Juventus, tentando a todo o custo furar a muralha defensiva da Juve, mas a defesa italiana, repleta de campeões do Mundo de 1982 era liderada pelo malogrado Scirea, que viria a falecer num acidente de viação, anos depois, não permitiu mais nenhumas veleidades ao nosso sector atacante.

É verdade que dessa vez, não deu para vencer, no entanto, a partir daquele momento, a Europa do futebol passava a fixar o nome de um novo grande do futebol Europeu: o FC Porto.

Em jeito de recordação, deixo-vos aqui em vídeo os golos desse jogo.

5 comentários:

  1. Foi uma fantástica epopeia, um sinal de emancipação, sobretudo para que pugnava por este clube todos os dias, na Escola.

    Que belas eliminatórias, seguidas via rádio. O júbilo sentido com o golo tardio de Gomes, frente ao Dínamo. 25 anos depois, como é possível as memórias serem ainda tão vívidas?

    Recordo-me de saltar de alegria, abraçado ao meu pai, quando os ecos da rádio nos trouxeram essa boa nova. Ou o sentimento de alívio, quando Jacques equilibrou a eliminatória na Escócia.

    Ou ainda a épica reviravolta com os então russos do Shacktar.

    Pena que, nessa nossa primeira final, a BATOTA tenha imperado, impedindo a melhor equipa de vencer. Foi assim, com roubos de igreja, que Platini conseguiu ser o mito que é hoje. Pese esse roubo descomunal, o sentimento foi um, apenas um: ORGULH0!

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  2. Meu caro Blue que saudades! Uma epopeia. Jogos quase todos, de grande sofrimento; Gomes a acabar contra o Dínamo; Gomes e o tempo que nunca mais passava, frente ao Rangers; o-2, para 3-2, frente ao Shakhtyor; granes jogos contra o Aberdeen e finalmente, a roubalheira do Prokop, frente à Juvente cheia de estrelas.

    Para além disso, as idas ao aeroporto e a invasão, depois do jogo na Escócia que impediu o avião de aterrar...Enfim tanto Porto e uma paixão cada vez maior.

    Um abraço

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  3. Grande caminhada até à final. Estive em todos os jogos nas Antas e a sensação que ficava era mesmo que uma equipa grandiosa estava ali a nascer... O jogo com o Donetsk na 1ªmão nas Antas ficou marcado também pelo nascimento da primeira claque organizada(?) do nosso clube - os Dragões Azuis com o patrocínio da sapataria Teresinha eh eh, ficamos na Arquibancada e devíamos ser à volta duma centena, talvez, a camisola ainda deve estar por aqui guardada no baú, belos tempos esses também!

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  4. Este jogo foi o princípio do resto da vida do nosso Porto no mundo. Grande jogo, grande erro a favor da Juventus, o prenúncio da grande vitória de 87. Um "Blue" ao futebol.

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  5. Se há ceu e inferno, e sem perdão ninguém se pode salvar, esse árbitro e outros que tais como Platini, nunca poderão ter salvação e hão-de pagá-las no outro mundo... ou então isto é tudo uma batata.

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