Liga Portuguesa, o "campo de treinos" do FC Porto

Em Portugal, começa a ser cada vez mais acentuado o domínio azul-e-branco no que diz respeito ao desporto em geral e ao futebol em particular.

Tendo como base uma análise do (bom) funcionamento dos departamentos do FC Porto, é constatável que os Dragões ocupam o primeiro lugar nos campeonatos de Hóquei em Patins (estando a caminho do oitavo campeonato seguido), de Andebol e de futebol.

Em relação ao campeonato de futebol, que é o que mais interessa, todos os anos assistimos à mesma "novela". Uma espécie de "Morangos com Açúcar", visto que todos os anos sai uma nova "temporada" (chamemos-lhe assim). Desta feita, em Portugal existem poucos ventos de mudança, já que primeiro o Benfica começa um "ano zero" no início de todas as épocas. O seu presidente promete uma "equipa maravilha", cria ilusões nos adeptos, ilusões essas que, meses depois, se tornam desilusões.

No Sporting, o funcionamento já é mais regrado, talvez regrado em demasia. O Sporting "vive" única e exclusivamente no "universo bancário" e nas apostas na formação. A ideia até que não seria incorrecta, pesa embora sejam sempre precisos jogadores com "outra experiência" para conseguir manter altas as expectativas de uma equipa. Neste momento e, tendo em conta a actual política de gestão do clube Leonino, creio que a vinda de outro treinador que não seja Paulo Bento, será um mero pró-forma. O grande problema é que o Sporting todos os anos faz da Academia a sua principal "fonte de rendimento" e, consequentemente, esquece-se que jogadores como Liedson, Vukcevic e Izmailov vieram de outros países, trouxeram uma nova "realidade" e um "perfil" um pouco renovado a este Sporting.

Posto isto e, em relação ao FC Porto, poder-se-á dizer que a gestão desportiva funciona bem melhor. E isso "reflecte-se" no relvado. O FC Porto tem feito uma excelente temporada, na Liga dos Campeões foi eliminado (e injustamente) pelo actual Campeão da Europa e do Mundo tendo, no entanto, sido a 5ª melhor equipa da Europa.

Tudo isto foi conseguido com jogadores a quem não lhes era atribuído qualquer carácter decisivo no início da época. Lembro que o FC Porto tem como alguns dos seus "pilares", jogadores como Cissokho, Hulk, Fernando e Rolando, sendo certo que os três primeiros militavam em divisões inferiores dos seus países.

Tudo isto é revelador não só do "olho clínico" do FC Porto para descobrir jovens talentosos, mas também nos revela a boa organização que existe no FC Porto. Os jogadores não são contratados só pelo que jogam, mas também pelo seu carácter e ambição.

Ás vezes, quando vemos um determinado jogo na televisão e algum jogador nos "salta à vista" dizemos: "Éh pá, o nosso clube podia ir buscar este jogador". No entanto as coisas não são assim tão lineares. O jogador pode ser muito bom, mas o carácter pode ser um "anticorpo" no balneário da equipa. Veja-se o caso de Stojkovic, por exemplo. Este guarda-redes tem qualidades futebolísticas acima da média, no entanto, o seu perfil aparentemente foi decisivo para a saída do Sporting. O Sporting falhou claramente neste capítulo, já que, das duas uma, ou não contratava o jogador (não me acredito que o seu "feitio" fosse desconhecido), ou então, depois de fazer parte do plantel, exigia-se um treinador com "pulso" para rentabilizar o activo.

O FC Porto não é só superior no jogo jogado, mas também nestes aspectos extra-futebol. E se quiserem mais um exemplo, veja-se a forma como as renovações (ou não) dos três treinadores têm sido faladas e tiremos as devidas ilações.

fonte: texto remetido por email, de autor desconhecido.