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FCPorto – Dragões de Azul Forte
Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do
F. C. do Porto
Capítulo 3: 1921 a 1930 – Primeiro clube a conquistar títulos de âmbito nacional (Parte XII)
Apurados para o Campeonato de Portugal:
Isentos
Sporting Clube de Braga (BRAGA)
Sport Comércio e Salgueiros (PORTO)
Futebol Clube do Porto (PORTO)
Boavista Futebol Clube (PORTO)
Sport Progresso (PORTO)
Assoc. Académica de Coimbra (COIMBRA)
Sporting Clube de Portugal (LISBOA)
Império Lisboa Club (LISBOA)
Sport Lisboa e Benfica (LISBOA)
Casa Pia Atlético Clube (LISBOA)
Clube Futebol Os Belenenses (LISBOA)
Carcavelinhos Football Club (LISBOA)
Futebol Clube Barreirense (SETÚBAL)
Vitória Futebol Clube (SETÚBAL)
Apurados da Competição de Classificação (independente dos campeonatos distritais)
Sport Clube Vianense (VIANA DO CASTELO)
Sport Club de Fafe (BRAGA)
Leça Futebol Clube (PORTO)
Sport Clube de Vila Real (VILA REAL)
Lusitano Futebol Clube Vildemoinhos (VISEU)
Sport Clube Beira-Mar (AVEIRO)
Ginásio Club Figueirense (COIMBRA) - desistiu de participar
Representante de LEIRIA - desistiu de participar
União Football de Lisboa (LISBOA)
Torres Novas Football Club (SANTARÉM)
União Futebol Comércio e Indústria (SETÚBAL)
Representante de PORTALEGRE - desistiu de participar
Luso Sporting Club (BEJA)
Lusitano Futebol Clube VRSA (ALGARVE)
Clube de Futebol União da Madeira (FUNCHAL)
1.ª Eliminatória
FC PORTO – SC VILA REAL, 13-1
4-3-1928, Porto (Campo do Bessa)
Árbitro: Armando Silva (Viana do castelo)
Marcadores:
Freire (3 golos)
Noise (2),
Norman Hall (2)
Coelho – V. Real (1)
Acácio Mesquita (3)
Waldemar Mota (3)
FC Porto – Treinador (interino): Alexandre Cal
Oitavos-de-Final
Com a saída do treinador Teszler, a crise de resultados mantinha-se e era, se calhar, fruto da crise de tesouraria. Na temporada de 1927-28, o FC Porto quedou-se, uma vez mais, pelos oitavos-de-final do Campeonato de Portugal, batido (1-2) pelo... Salgueiros. Glória aos vencedores… não houve "roubo de igreja".
SALGUEIROS – FC PORTO, 2-1
6-5-1928, Porto (Campo do Amial)
Marcadores:
1-0 Castro (5’)
1-1 Acácio Mesquita (6’)
2-1 Adelino Freire (37’ pb)
Salgueiros –
Soares; Sousa e Faísca; Evaristo, Alberto Augusto e Coentro Faria; Ventura, Teixeira, Reis, Américo Teixeira e Castro.
FC Porto – Treinador (interino): Alexandre Cal
Miguel Siska; Adelino Freire e Jerónimo Faria; Álvaro Sequeira, Coelho da Costa e Álvaro Pereira; Waldemar Mota, Norman Hall (cap.), Acácio Mesquita, Augusto Ferreira “Simplício” e António Oliveira (Noise).
28 Jun.1928: primeiro jogo nocturno
O Salgueiros foi o antagonista do FC Porto no primeiro jogo nocturno disputado no Porto. Na inauguração da iluminação artificial da Constituição, portistas e salgueiristas empataram a 2-2.
Aposta para o futuro
Entretanto o FC Porto fez uma importante aposta: a contratação, para técnico da equipa de futebol, de um húngaro que, simultaneamente, era jogador e treinador do Marítimo da Madeira. Chamava-se Joseph Szabo e haveria de ser um mágico revolucionário no futebol português.
Yozhef Szabo/Joseph Szabo ou José Szabo (n. Gonyo, Hungria, 11 Mai.1896 – m. Lisboa, 17 Mar.1973), de Gonyo, aldeia de pescadores na margem do Danúbio, na Hungria, mudou-se com a família para a cidade industrial de Gyor onde, com 14 anos, começou a jogar futebol e onde abraçou o ofício de torneiro mecânico.
• Aos 20 anos foi do Gyor para o Ferencvaros e, pouco depois, jogava na mítica selecção da Hungria, como médio-centro.
• Em 1926 a famosa equipa do Szonbately pediu-o emprestado para uma digressão a Portugal e, na Madeira, o Nacional propôs a Szabo que se transferisse para a "pérola do Atlântico". Szabo aceitou, fez uma época no Nacional e depois mudou-se para o Marítimo.
• No fim da temporada 1927-28, o FC Porto contratou-o para a função de treinador. A estreia de Szabo ocorreria em partida memorável, do Campeonato do Porto, na qual os portistas bateram o Leixões por 8-0. Em 1931-32 venceu o Campeonato de Portugal e em 1934-35 conquistou o Campeonato Nacional (Liga) – o primeiro realizado.
• Os jogadores do Porto, disseram dele maravilhas, sintetizadas assim: "Akoz Tezler ensinava o jogo curto, cruzado em passes muito miúdos, aliás muito agradável. Porém, Szabo transformou essa forma, dando ao jogo outra concepção: ataque rápido, fulminante, precedido de jogadas compridas, deixando-se o mais possível o drible na linha de 'backs'. Assim, temos um jogo menos demorado, mais eficiente, o que se faz com a boa vontade de todos e os conhecimentos de Szabo, que são muitos".
• A meio da época de 1935-36 (9 Fevereiro de 1936) foi despedido, protagonizando a segunda "chicotada psicológica" da história do FC Porto. Rumou a Braga e depois ao Sporting onde permaneceu 8 anos consecutivos e construiu a equipa que antecedeu aquela que ficou conhecida como a dos “Cinco Violinos”. Ao serviço dos “leões” conquistou 1 Campeonato de Portugal, 2 Campeonatos Nacionais e 1 Taça de Portugal.
• Depois de uma nova e breve passagem pelo Sp. Braga, regressou ao FC Porto, em Março de 1945, onde esteve até Agosto de 1947 mas sem as glórias passadas.
• Seguiram-se o Olhanense, Portimonense, Oriental, Braga, Atlético, Sporting (de novo), Caldas, Braga (de novo) Leixões, Torreense, Barreirense, SC Vila Real, até que em 1966 deu por finda a carreira de treinador quando era técnico da Selecção de Angola. Naturalizado português em 1955, perderia um filho na Guerra Colonial, depois de ver o seu outro filho, José Szabo Júnior, que chegou a ser guarda-redes suplente do FC Porto (1945-46) e do Sporting, condenado a uma cadeira de rodas na sequência de um grave acidente de viação.
• Szabo foi um dos treinadores mais marcantes em Portugal, na primeira metade do século XX. O seu saber, alicerçado no conhecimento profundo da evolução técnica do futebol na Europa e na gestão colectiva, determinou o progresso do jogo no nosso país. Os seus ensinamentos concorreram para que fosse considerado "um mágico revolucionário no futebol português". Ficou para sempre uma das suas frases: "No futebol o sucesso faz-se com 10 por cento de génio e 90 por cento de transpiração". Faleceu em Lisboa, com 76 anos.
• José Szabo, um treinador intimamente ligado à gloriosa história do FC Porto!
Carreira no FC Porto
1928-29 a 9 Fev.1936; Mar.1945 a Ago.1947.
Palmarés no FC Porto
1 Campeonato Nacional-Liga (1934-35)
1 Campeonato de Portugal (1931-32)
10 Campeonatos do Porto (inclui os 2 títulos conquistados entre Mar.1945 e Ago.1947)
As peculiaridades de José Szabo
• Cachimbo e cadeirinha
Nos seus primeiros tempos de treinador, Szabo orientava os trabalhos de campo sentado numa cadeirinha talismã, junto de uma das linhas laterais, com um típico chapéu de coco encafuado na cabeça, fumando cachimbo. Nesse tempo, não admitia que os jogadores gargarejassem água no intervalo dos jogos: “Sinhores, não beber água fria porque garaganta estar quente e fazer inginhas. Sinhor Zé trazer chá quente para os sinhores jogadores.”
• “Torneira dê mininas”...
Szabo dava a táctica com bonecos de madeira num tabuleiro verde, era treinador de todas as categorias e... massagista de todos os jogadores e no último treino de cada semana, como se fosse um disco riscado, dizia, trovejante, aos pupilos: “Silêncio sinhores, ouvirem com atenção: sexta-feira banho quente e massagem, sábado dê tarde, na sede, têoria de jogo sobre tabuleiro, com bonecas e, mais importante, sinhores ficharem torneira dê nêmoros dê mininas. Atenção, fazer muito mal e precisar de canetas…”
• Murro por lhe chamarem maluco
Tinha os olhos muito azuis, miúdos e vivos como dois berlindes de vidro colorido. E um carão redondo, bolachudo, vermelhaço. Digno de um cartaz de propaganda de um uísque escocês. Quando chegou ao Porto, espantou os seus pupilos ao dizer-lhes que sempre que, nos treinos, rematassem dentro da área e falhassem o golo, seriam multados em “10 per cente dê ordenada”. Eles perceberam-no bem e até tomaram a coisa à conta de exotismo. Não se importando muito...Quando, em 1934-35, o FC Porto conquistou a primeira edição do Campeonato da Liga, Szabo demonstrou aos seus dirigentes desejo de ir estagiar um mês a Londres. Foi e encantado ficou com o que descobriu no Arsenal. No regresso ao Porto, deu o tom da revolução que se dera em si — entrou no balneário de rosto fechado e avisou que dali em diante tudo mudara. No dia seguinte, na abertura da época de 1935-36, obrigou os pupilos a percorrer sete quilómetros a pé, da Constituição à Circunvalação, dose que passaram a repetir pelo menos três vezes por semana. Ele que fora companheiro terno de outras vezes, tornava-se, assim, espécie de irascível general, obcecado pela disciplina, apavorado pelo sexo antes dos jogos, transformado em intransigente polícia de costumes, aplicando multas de 10 por cento do ordenado a quem chegasse atrasado ao treino das sete da manhã um... minuto!Apesar das animosidades que foram crescendo lentamente, Szabo foi sendo suportado. Por dirigentes e por jogadores. Porque o seu mérito era, cada vez mais incontestável. E a sua devoção ao clube quase evangélica. Seria, exactamente, nessa lenha que acabaria por se imolar...Depois de um jogo fora, com vitória do FC Porto, os pupilos de Szabo foram ao balneário, vestiram-se à pressa e foram para a festa, pela cidade fora, como iguais entre os seus adeptos. O treinador chegou ao balneário e viu os equipamentos todos espalhados no chão. E nem vivalma. Mandou chamar uma ambulância, pedindo aos bombeiros que levassem a roupa ao hotel. Que ele iria com eles. Quando lá chegaram, um dirigente, rindo-se, disse que só de um maluco como ele se poderia esperar coisa assim. Szabo não se conteve e deu-lhe um murro. “Chamar mi maluco porquê cuidei dê património dê clube?!” Poucas horas depois era despedido com justa causa... [Murro... In "Glória e Vida de Três Gigantes", 1995 - Adaptação]
Retalhos da história, conquistas e vitórias memoráveis, figuras e glórias do
F. C. do Porto
Capítulo 3: 1921 a 1930 – Primeiro clube a conquistar títulos de âmbito nacional (Parte XII)
Apurados para o Campeonato de Portugal:
Isentos
Sporting Clube de Braga (BRAGA)
Sport Comércio e Salgueiros (PORTO)
Futebol Clube do Porto (PORTO)
Boavista Futebol Clube (PORTO)
Sport Progresso (PORTO)
Assoc. Académica de Coimbra (COIMBRA)
Sporting Clube de Portugal (LISBOA)
Império Lisboa Club (LISBOA)
Sport Lisboa e Benfica (LISBOA)
Casa Pia Atlético Clube (LISBOA)
Clube Futebol Os Belenenses (LISBOA)
Carcavelinhos Football Club (LISBOA)
Futebol Clube Barreirense (SETÚBAL)
Vitória Futebol Clube (SETÚBAL)
Apurados da Competição de Classificação (independente dos campeonatos distritais)
Sport Clube Vianense (VIANA DO CASTELO)
Sport Club de Fafe (BRAGA)
Leça Futebol Clube (PORTO)
Sport Clube de Vila Real (VILA REAL)
Lusitano Futebol Clube Vildemoinhos (VISEU)
Sport Clube Beira-Mar (AVEIRO)
Ginásio Club Figueirense (COIMBRA) - desistiu de participar
Representante de LEIRIA - desistiu de participar
União Football de Lisboa (LISBOA)
Torres Novas Football Club (SANTARÉM)
União Futebol Comércio e Indústria (SETÚBAL)
Representante de PORTALEGRE - desistiu de participar
Luso Sporting Club (BEJA)
Lusitano Futebol Clube VRSA (ALGARVE)
Clube de Futebol União da Madeira (FUNCHAL)
1.ª Eliminatória
FC PORTO – SC VILA REAL, 13-1
4-3-1928, Porto (Campo do Bessa)
Árbitro: Armando Silva (Viana do castelo)
Marcadores:
Freire (3 golos)
Noise (2),
Norman Hall (2)
Coelho – V. Real (1)
Acácio Mesquita (3)
Waldemar Mota (3)
FC Porto – Treinador (interino): Alexandre Cal
Oitavos-de-Final
Com a saída do treinador Teszler, a crise de resultados mantinha-se e era, se calhar, fruto da crise de tesouraria. Na temporada de 1927-28, o FC Porto quedou-se, uma vez mais, pelos oitavos-de-final do Campeonato de Portugal, batido (1-2) pelo... Salgueiros. Glória aos vencedores… não houve "roubo de igreja".
SALGUEIROS – FC PORTO, 2-1
6-5-1928, Porto (Campo do Amial)
Marcadores:
1-0 Castro (5’)
1-1 Acácio Mesquita (6’)
2-1 Adelino Freire (37’ pb)
Salgueiros –
Soares; Sousa e Faísca; Evaristo, Alberto Augusto e Coentro Faria; Ventura, Teixeira, Reis, Américo Teixeira e Castro.
FC Porto – Treinador (interino): Alexandre Cal
Miguel Siska; Adelino Freire e Jerónimo Faria; Álvaro Sequeira, Coelho da Costa e Álvaro Pereira; Waldemar Mota, Norman Hall (cap.), Acácio Mesquita, Augusto Ferreira “Simplício” e António Oliveira (Noise).
28 Jun.1928: primeiro jogo nocturno
O Salgueiros foi o antagonista do FC Porto no primeiro jogo nocturno disputado no Porto. Na inauguração da iluminação artificial da Constituição, portistas e salgueiristas empataram a 2-2.
Aposta para o futuro
Entretanto o FC Porto fez uma importante aposta: a contratação, para técnico da equipa de futebol, de um húngaro que, simultaneamente, era jogador e treinador do Marítimo da Madeira. Chamava-se Joseph Szabo e haveria de ser um mágico revolucionário no futebol português.
Yozhef Szabo/Joseph Szabo ou José Szabo (n. Gonyo, Hungria, 11 Mai.1896 – m. Lisboa, 17 Mar.1973), de Gonyo, aldeia de pescadores na margem do Danúbio, na Hungria, mudou-se com a família para a cidade industrial de Gyor onde, com 14 anos, começou a jogar futebol e onde abraçou o ofício de torneiro mecânico.
• Aos 20 anos foi do Gyor para o Ferencvaros e, pouco depois, jogava na mítica selecção da Hungria, como médio-centro.
• Em 1926 a famosa equipa do Szonbately pediu-o emprestado para uma digressão a Portugal e, na Madeira, o Nacional propôs a Szabo que se transferisse para a "pérola do Atlântico". Szabo aceitou, fez uma época no Nacional e depois mudou-se para o Marítimo.
• No fim da temporada 1927-28, o FC Porto contratou-o para a função de treinador. A estreia de Szabo ocorreria em partida memorável, do Campeonato do Porto, na qual os portistas bateram o Leixões por 8-0. Em 1931-32 venceu o Campeonato de Portugal e em 1934-35 conquistou o Campeonato Nacional (Liga) – o primeiro realizado.
• Os jogadores do Porto, disseram dele maravilhas, sintetizadas assim: "Akoz Tezler ensinava o jogo curto, cruzado em passes muito miúdos, aliás muito agradável. Porém, Szabo transformou essa forma, dando ao jogo outra concepção: ataque rápido, fulminante, precedido de jogadas compridas, deixando-se o mais possível o drible na linha de 'backs'. Assim, temos um jogo menos demorado, mais eficiente, o que se faz com a boa vontade de todos e os conhecimentos de Szabo, que são muitos".
• A meio da época de 1935-36 (9 Fevereiro de 1936) foi despedido, protagonizando a segunda "chicotada psicológica" da história do FC Porto. Rumou a Braga e depois ao Sporting onde permaneceu 8 anos consecutivos e construiu a equipa que antecedeu aquela que ficou conhecida como a dos “Cinco Violinos”. Ao serviço dos “leões” conquistou 1 Campeonato de Portugal, 2 Campeonatos Nacionais e 1 Taça de Portugal.
• Depois de uma nova e breve passagem pelo Sp. Braga, regressou ao FC Porto, em Março de 1945, onde esteve até Agosto de 1947 mas sem as glórias passadas.
• Seguiram-se o Olhanense, Portimonense, Oriental, Braga, Atlético, Sporting (de novo), Caldas, Braga (de novo) Leixões, Torreense, Barreirense, SC Vila Real, até que em 1966 deu por finda a carreira de treinador quando era técnico da Selecção de Angola. Naturalizado português em 1955, perderia um filho na Guerra Colonial, depois de ver o seu outro filho, José Szabo Júnior, que chegou a ser guarda-redes suplente do FC Porto (1945-46) e do Sporting, condenado a uma cadeira de rodas na sequência de um grave acidente de viação.
• Szabo foi um dos treinadores mais marcantes em Portugal, na primeira metade do século XX. O seu saber, alicerçado no conhecimento profundo da evolução técnica do futebol na Europa e na gestão colectiva, determinou o progresso do jogo no nosso país. Os seus ensinamentos concorreram para que fosse considerado "um mágico revolucionário no futebol português". Ficou para sempre uma das suas frases: "No futebol o sucesso faz-se com 10 por cento de génio e 90 por cento de transpiração". Faleceu em Lisboa, com 76 anos.
• José Szabo, um treinador intimamente ligado à gloriosa história do FC Porto!
Carreira no FC Porto
1928-29 a 9 Fev.1936; Mar.1945 a Ago.1947.
Palmarés no FC Porto
1 Campeonato Nacional-Liga (1934-35)
1 Campeonato de Portugal (1931-32)
10 Campeonatos do Porto (inclui os 2 títulos conquistados entre Mar.1945 e Ago.1947)
As peculiaridades de José Szabo
• Cachimbo e cadeirinha
Nos seus primeiros tempos de treinador, Szabo orientava os trabalhos de campo sentado numa cadeirinha talismã, junto de uma das linhas laterais, com um típico chapéu de coco encafuado na cabeça, fumando cachimbo. Nesse tempo, não admitia que os jogadores gargarejassem água no intervalo dos jogos: “Sinhores, não beber água fria porque garaganta estar quente e fazer inginhas. Sinhor Zé trazer chá quente para os sinhores jogadores.”
• “Torneira dê mininas”...
Szabo dava a táctica com bonecos de madeira num tabuleiro verde, era treinador de todas as categorias e... massagista de todos os jogadores e no último treino de cada semana, como se fosse um disco riscado, dizia, trovejante, aos pupilos: “Silêncio sinhores, ouvirem com atenção: sexta-feira banho quente e massagem, sábado dê tarde, na sede, têoria de jogo sobre tabuleiro, com bonecas e, mais importante, sinhores ficharem torneira dê nêmoros dê mininas. Atenção, fazer muito mal e precisar de canetas…”
• Murro por lhe chamarem maluco
Tinha os olhos muito azuis, miúdos e vivos como dois berlindes de vidro colorido. E um carão redondo, bolachudo, vermelhaço. Digno de um cartaz de propaganda de um uísque escocês. Quando chegou ao Porto, espantou os seus pupilos ao dizer-lhes que sempre que, nos treinos, rematassem dentro da área e falhassem o golo, seriam multados em “10 per cente dê ordenada”. Eles perceberam-no bem e até tomaram a coisa à conta de exotismo. Não se importando muito...Quando, em 1934-35, o FC Porto conquistou a primeira edição do Campeonato da Liga, Szabo demonstrou aos seus dirigentes desejo de ir estagiar um mês a Londres. Foi e encantado ficou com o que descobriu no Arsenal. No regresso ao Porto, deu o tom da revolução que se dera em si — entrou no balneário de rosto fechado e avisou que dali em diante tudo mudara. No dia seguinte, na abertura da época de 1935-36, obrigou os pupilos a percorrer sete quilómetros a pé, da Constituição à Circunvalação, dose que passaram a repetir pelo menos três vezes por semana. Ele que fora companheiro terno de outras vezes, tornava-se, assim, espécie de irascível general, obcecado pela disciplina, apavorado pelo sexo antes dos jogos, transformado em intransigente polícia de costumes, aplicando multas de 10 por cento do ordenado a quem chegasse atrasado ao treino das sete da manhã um... minuto!Apesar das animosidades que foram crescendo lentamente, Szabo foi sendo suportado. Por dirigentes e por jogadores. Porque o seu mérito era, cada vez mais incontestável. E a sua devoção ao clube quase evangélica. Seria, exactamente, nessa lenha que acabaria por se imolar...Depois de um jogo fora, com vitória do FC Porto, os pupilos de Szabo foram ao balneário, vestiram-se à pressa e foram para a festa, pela cidade fora, como iguais entre os seus adeptos. O treinador chegou ao balneário e viu os equipamentos todos espalhados no chão. E nem vivalma. Mandou chamar uma ambulância, pedindo aos bombeiros que levassem a roupa ao hotel. Que ele iria com eles. Quando lá chegaram, um dirigente, rindo-se, disse que só de um maluco como ele se poderia esperar coisa assim. Szabo não se conteve e deu-lhe um murro. “Chamar mi maluco porquê cuidei dê património dê clube?!” Poucas horas depois era despedido com justa causa... [Murro... In "Glória e Vida de Três Gigantes", 1995 - Adaptação]
- No próximo post.: Capítulo 3 (Continuação) – Escola de Natação na praia do Aurélio; Hóquei em Campo; Pólo Aquático; Campeonato de Portugal 1928-29; Waldemar Mota; Presidentes Tenente Augusto Sequeira e Eduardo Dumont Villares.
Mais um capítulo, mais uma viagem, para ler e guardar.
ResponderEliminarUm abraço
Mais um fascículo para guarida da memória azul e branca, com pormenores que fazem toda a diferença.
ResponderEliminarSobre as fotos que falou, naturalmente que se tiver já sabe que sim, apenas ainda não tive tempo mas vou ver o que tenho e depois digo, OK.
Abraço.
Amigo,
ResponderEliminarUma pequena nota adicional: um dos filhos de Szabo - José Szabo Júnior (presumo que seja aquele que sofreu o acidente de viação que o atirou para uma cadeira de rodas) - fez 4 jogos pelo F. C. Porto, como guarda-redes, no Campeonato Nacional de 1945/46, tinha ele 19 anos. As outras 22 partidas foram com Barrigana na baliza.
Abraço
Szabo nome inesquecível da nossa história e um campeonato de 27/28 q caímos ante o salgueiros mas q foi ganho e bem pelo carcavelinhos q não deixou nem verdes nem vermelhos festejarem:)
ResponderEliminarabraço
Caro Rogério Paulo Almeida:
ResponderEliminarTem razão, sim senhor. Eu tinha esse facto anotado na época de 1945/46, mas não o reproduzi na biografia do treinador.
Com efeito José Szabo Júnior foi guarda-redes suplente do FC Porto (1945-46) e do Sporting.
Isto já está acrescentado à biografia.
Assim se faz história...
Muito obrigado, amigo. Mande sempre.
Um abraço AZUL muito FORTE.
Dragão Azul Forte, mais uma vez obrigado pelo seu delicioso trabalho, que sei que o faz com muita paixão!
ResponderEliminarMais um jogador e treinador Hungaro, que marcou a história do nosso clube...
BIBÓ PORTO
Szabo, quem nunca ouviu dele falar?!
ResponderEliminartodos, obviamente!!
nunca é demais dizê-lo e repeti-lo... este teu trabalho semanal, é uma coisa d'outra galáxia... muito, muito bom mesmo!!!
obrigado por toda esta tua dedicação tão nobre!!!
Será que a “minina” faz parte do espólio do futuro museu do Clube?...
ResponderEliminarSzabo fez a revolução no futebol português. Claro, o pioneiro da dita tinha que ser o FC Porto!
Um beijinho. BIBÓ PORTO!